Acredito que assim como um dependente químico, já nascemos codependentes. Que uma vez, muitas delas no auge da "doença", nos identificamos mais codependentes que em outros momentos. Basicamente chego a esta conclusão fazendo uma análise rápida da minha vida antes de ter ATIVAMENTE um adicto e depois. Minha vida sempre foi uma vida atipica: passei a infancia e a adolescencia sem (ou quase sem) nenhum preconceito ou complexo de inferioridade. Embora de família humilde, etnia diferenciada da maioria, ser mulher e outros estigmas que sabemos que no países que vivemos (Brasil) e acho que em qualquer lugar do mundo durante a adolescencia são problemáticas de conviver. Não passei por grandes problemas na vida e até os vinte anos vivi e curti muito minha vida de "patricinha" estudante aspirante a uma vaga na faculdade federal de medicina. Esta era eu. Nunca fui dessas fora da realidade, na escola o que mais me indignava era as injustiças que meus outros colegas submetiam ou outros. Pensando bem, fui muito privilegiada e abençoada, meu pai era motorista de caminhão de carga, minha nunca trabalhou desde que casou, passamos por dificuldades, claro, mas antes de eu completar 7 anos morávamos em caso própria meu irmão mais velho estudava em um colégio que ele tinha que pegar dois onibus, meu outro irmão mais velho também estudava e eu e meu mais novo também já estavamos na escola. Eu sempre tirava notas boas, minha como não trabalhava só cuidava de nós e da casa, as vezes costurava e fazia nossas roupas, por isso sempre estávamos muito bem vestidos. As vezes também minha mãe costumava nos levar ao zoológico, museus e locais históricos e turísticos da cidade, shows em praça pública e ruas de lazer, Alias minha mãe é um caso aparte, mesmo com quatro filhos tinha tempo de se arrumar, arrumar a casa, gerenciar o pouco dinheiro que tinhamos, fazer cursos de culinária e costura, e ainda fazer serviço voluntário na escola (que além de pública era extremamente carente de recursos) e todo típo de voluntariado que aparecesse, associação de bairro, pastorais e tantos outros. Quanto ao voluntariado meu pai era também do mesmo jeito, além de trabalhar muitas horas do dia, era o tipo ideal que toda mulher gostaria de ter. Super atencioso e carinhoso, animadíssimo, caseiro, ótimo conselheiro (bom de ouvido e de dar conselho) gostava de futebol, mas também de novela. Amava minha mãe e a nossa família. Sabia muito de musica e tocava violão... e por ai vai! Quase perfeito. Seu único defeito, por dar atenção aos outros (e claro às outras, embora respeitosamente, sem nenhuma pretenção, isso eu posso afirmar) acabava por gerar ciúmes, não em minha mãe, que compartilhava uma cumplicidade e confiança um no outro que parecia coisa de filme se eu não tivesse presenciado isso. Quem morria de ciúmes era eu.
Enfim, foi neste contexto que cresci, eu e meus três irmãos, todos meninos. Como eu era a única menina me achava no direito de cuidar deles, e muitas vezes eles não entenderam isso, principalmente quando eu contava para minha mãe as coisas erradas que eles faziam (kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk) mas vendo minha vida daqui da frente, de onde hoje estou começo a identificar meus primeiros ares de codependencia. Tentava ajudar a todos até quase além dos meus limites e pior quando não conseguia ficava com aquela sensação de impotência, como se EU fosse culpada dos problemas e não solução dos outros. Até o fim da minha adolescencia eu era assim, acho que minha codependencia estabilizou um pouco depois do colegio, pois passei a pautar minha vida apenas em mim, pois só dependia de mim passar no vestibular! Meu pai, nesta época tinha aposentado pela segunda vez devido a um problema de coração (entupimento das veias) o momento foi tenso, ele fez cateterismo, e recebeu alta. No mesmo período que ele aposentou minha avó (por parte de pai) veio morar conosco ela estava em um caso terminal de efisema pulmonar. Eu ficava a parte da manhã na aula (cursinho pré vestibular) e à tarde no hospital com ela, meu pai me buscava de carro no inicio da noite. Antes de minha avó uma tia por parte de mãe também morou conosco, sofreu um acidente (foi atropelada) e desde que recebeu alta foi morar na nossa casa. Era a mesma coisa de quando era com minha avó, de manhã ia pra aula e à tarde pros exames de controle da minha tia. Minha avó não morou conosco por um ano, morreu. Não antes de irmos por duas vezes a cidade natal de meu pai, no interior do estado. Foi bem legal e estreitou ainda mais meus laços com meu pai. Vivi em meu mundo, estava tudo de bom, mas depois da tempestade vem a abonaça, e minha tempestade ainda nem tinha chegado... No inicio do ano que eu completaria 21 anos, no mês de abril precisamente, meu pai morreu e a vida que era uma maravilha, vida de patricinha, que apenas estudava, tinha tudo que precisava e queria... começou a mudar radicalmente!
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oI.. POR FAVOR.. ENTRE EM CONTATO COMIGO. MEU NOME E MARILEI.. MEU E-MAIL MARI_BOSCARDIN@HOTMAIL.COM.
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